Nesta terça-feira (20), o Senado aprovou o projeto que estende a desoneração da folha de pagamento para empresas e municípios até o final de 2024. A proposta, de autoria do senador licenciado Efraim Filho (União-PB), também prevê uma reoneração gradual a partir de 2025, afetando 17 setores da economia e municípios com até 156 mil habitantes, os maiores empregadores do país. Agora, o texto segue para votação na Câmara dos Deputados.
Créditos: Senado Federal
Transição Gradual e Reoneração
A proposta aprovada estabelece um cronograma de transição que diminui gradualmente o benefício da desoneração, com a retomada da cobrança da contribuição previdenciária sobre as folhas de pagamento. De acordo com o projeto, a desoneração será reduzida de forma escalonada, encerrando-se completamente em 2028. Até lá, empresas dos 17 setores intensivos em mão de obra, assim como os municípios contemplados, deverão ajustar-se à nova realidade tributária.
Setores Beneficiados pela Desoneração:
- Indústria: couro, calçados, confecções, têxtil, proteína animal, máquinas e equipamentos;
- Serviços: TI & TIC, call center, comunicação;
- Transportes: rodoviário de cargas, rodoviário de passageiros urbano e metro ferroviário;
- Construção: civil e pesada.
No caso das prefeituras, a proposta mantém a desoneração parcial da contribuição previdenciária, que passará de 20% para 8% em 2024, e será reonada gradualmente até atingir o valor integral em 2027.
Impacto Fiscal e Compensações
O projeto atende a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que havia estipulado um prazo até 11 de setembro para que o Congresso Nacional aprovasse medidas de compensação fiscal relacionadas à desoneração. Caso contrário, a desoneração atualmente em vigor deixaria de existir. Segundo o relator da proposta, senador Jaques Wagner (PT-BA), o Ministério da Fazenda estima um impacto de R$ 25 bilhões apenas para manter a desoneração da folha em 2024.
Em resposta às preocupações fiscais, o texto aprovado lista uma série de medidas compensatórias para contrabalançar a perda de arrecadação, incluindo:
- Repatriação de Recursos no Exterior: O projeto estabelece um prazo de 90 dias para que pessoas físicas regularizem recursos mantidos no exterior, com a cobrança de uma alíquota de 15% de Imposto de Renda sobre os valores declarados.
- Atualização do Valor de Bens Imóveis no Imposto de Renda: A proposta permite que pessoas físicas e jurídicas atualizem o valor de seus imóveis na declaração de Imposto de Renda, com alíquotas diferenciadas para empresas e indivíduos.
- Desenrola para Empresas com Multas em Agências Reguladoras: Criação do programa “Desenrola Agências Reguladoras”, que permitirá a renegociação de multas aplicadas e não pagas por empresas.
- Pente-Fino de Benefícios Sociais: O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) poderá adotar medidas para conter gastos com o pagamento de benefícios irregulares ou fraudulentos, além de exigir a regularização do Cadastro Único (CadÚnico) por beneficiários do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC).
- Uso de Depósitos Judiciais e Extrajudiciais: Recursos depositados em processos contra a União serão destinados diretamente ao Tesouro Nacional, simplificando o percurso do dinheiro e liberando mais rapidamente esses recursos como receitas para o governo.
Compromisso com a Manutenção do Emprego
O projeto também impõe condições para que as empresas beneficiadas pela desoneração mantenham seus níveis de emprego. De acordo com o texto, as empresas deverão assinar termos de compromisso garantindo que o número de funcionários seja “igual ou superior a 75%” do verificado no início de cada ano. Caso ocorram demissões que não justifiquem a manutenção do benefício, a empresa poderá perder a desoneração.
Próximos Passos
Com a aprovação no Senado, o projeto segue para análise na Câmara dos Deputados, onde ainda pode sofrer alterações antes de ser sancionado. A medida, que busca equilibrar a necessidade de apoio a setores intensivos em mão de obra e a responsabilidade fiscal, representa um esforço conjunto entre o Legislativo e o Executivo para fortalecer a economia do país enquanto assegura a continuidade dos empregos e a competitividade das empresas brasileiras.
Se você gostou deste conteúdo, considere se inscrever em nossa newsletter para receber artigos como este diretamente em sua caixa de entrada.
Publicado no Jornal G1 Globo